domingo, 13 de fevereiro de 2011

Democracia Islâmica?

Democracia Islâmica?

Fala-se numa nova Primavera de Praga, numa revolução húngara de 1956, mas em 2011 e no Egipto, e até se compara a Irmandade Muçulmana ao movimento Solidariedade que, liderado por Lech Walesa, contribuiu indelevelmente para a queda do império totalitário comunista por todo o planeta. Sem dúvida, o mundo está a mudar e está a fazê-lo mais rapidamente do que poderia esperar-se. Eu, pelo menos, estou surpreendido com a rapidez que estas mudanças que, sendo inevitáveis, dificilmente seriam previsíveis. Nem a Mossad as previu.
Nas últimas semanas, uma série de protestos que, ao adquirirem uma maior importância e visibilidade, alcançaram também o estatuto de revolução, varreram o mundo muçulmano fazendo cair dois (ou três, dependo de uma análise pessoal da situação) regimes seculares autoritários aliados do Ocidente. O mundo, esse, assistiu surpreendido, chocado e entusiasmado aos protestos românticos, quase heróicos, que, por toda a Ummah, a comunidade muçulmana, se desenrolaram. Eu próprio, devo admitir, gostaria de ver Sócrates fugir ao ouvir os gritos dos portugueses, pelo que até compreendo esse entusiasmo.
Lamentavelmente, porém, essa visão fácil, romântica, pueril e idealista dos recentes acontecimentos no Médio Oriente, a do povo oprimido que se levanta, súbita e orgulhosamente, para se libertar dos grilhões de totalitarismo e sofrimento que o prendem não corresponde, de todo, à verdade.
De facto, há uma série de questões que ninguém parece estar a conseguir pôr. Por exemplo, não é curioso que a presente vaga de protestos esteja a acontecer principalmente nos países cujos governos são aliados do Ocidente ou alinhados com a política externa de Washington e que, por outro lado, as manifestações nos países notoriamente contrários às democracias ocidentais (como é o caso do Irão e da Líbia) sejam tão pequenas e insignificantes que estejam a ser abafadas pelas demonstrações de apoio às respectivas ditaduras? E, acima de tudo, não é estranho que os movimentos que estão, efectivamente, por trás dos “movimentos pró-democracia” (a Irmandade Muçulmana, por exemplo, associada à al-Qaeda e o Hizb-ut-Tahrir, que luta pela construção de um califado mundial com a Lei Islâmica, a Sharia, como única fonte de legislação) se manifestem não contra um qualquer poder tirânico ou opressor mas sim contra aquilo que rotulam de “governos sionistas” aliados de Israel, dos países europeus e dos Estados Unidos?
Assim, será mesmo que as várias revoluções árabes são, como os seus líderes afirmam, revoltas populares pela democracia ou que, pelo contrário, não passam de uma repetição da Revolução Islâmica de 1979 no Irão? Revolução que, exactamente como estas, parecia, inicialmente, ser um prelúdio para a democracia mas que era, afinal, apenas a primeira parte de uma ditadura bem mais brutal, perigosa e repressiva que a anterior.
No entanto, apesar do rude golpe que representa para o Ocidente, o principal prejudicado com a queda do regime egípcio, tunisino e, em boa parte, do jordano que, para salvar a sua monarquia, chegou ao ridículo de pedir à Irmandade Muçulmana para fazer parte da coligação governamental, é o Estado de Israel. Com efeito, as coisas não vão bem para o Estado judaico que, tendo perdido a sua principal aliada, a Turquia, devido à crise despoletada pelo ataque à “Frota da Paz” e, agora, o Egipto, com a queda do regime de Hosni Mubarak, se encontra progressivamente mais rodeado por países onde o radicalismo islâmico é cada vez menos uma característica pitoresca da região em que se inserem e cada vez mais uma força política a temer. Israel encontra-se, assim, na pior situação geoestratégica desde a Guerra do Yom Kippur, nos anos 70, à deriva entre a expectativa utópica e irrealista de um futuro democrático para uma região cuja religião da grande maioria dos habitantes, o Islão, é, por definição, oposta à democracia, e a bem mais plausível radicalização religiosa dos países limítrofes.
As (verdadeiras) democracias ocidentais devem, pois, manter uma postura tão céptica quanto possível em relação aos protestos que, dizendo-se pró-democracia, podem tornar-se na primeira parte de um capítulo de perigos e riscos à sobrevivência da civilização ocidental.
Já caímos no truque da “Democracia Islâmica” uma vez, quando demos asilo ao Ayatollah Khomeini e festejámos a vitória dos seus partidários no Irão. Não convém que o façamos de novo.

Rafael Borges

domingo, 19 de setembro de 2010

Heróis do mar

Em 1415, nasceu, em Ceuta, através do mar, o Império.
Oitenta e três anos depois, em 1498, após uma viagem longa e não isenta de perigos e constantes provações, Vasco da Gama realizou, finalmente, o sonho do Príncipe Perfeito e o destino da nação, as Índias, fazendo de Portugal um Império Global, algo que seria até 1975.
Novamente, pelo mar.
Cinco séculos volvidos, num paradigma do esquecimento (e falta de orgulho) histórico, celebrou-se o Dia Mundial do Mar. Foi no sábado, há dias portanto, e poucos souberam, poucos celebraram e ainda menos tiveram a cada vez mais louvável coragem de pensar e estabelecer uma relação entre o passado e futuro da pátria Portuguesa.
O destino de Portugal está assim, como esteve no passado e, notavelmente, nos momentos de maior grandeza nacional, indubitável e inexoravelmente ligado ao mar oceano, sendo que é precisamente esse o factor capaz de salvaguardar a independência portuguesa e de motivar um afastamento da tendência essencialmente centralizadora e federalizante de Bruxelas. O mar pode assim ser, como, aliás, sempre foi, o principal pilar emancipador da nação, a nossa fonte de auto-determinação.
Portugal tem assim, em parte devido à sua inclinação natural pela expansão através dos mares, aquela que é, actualmente, a terceira maior Zona Económica Exclusiva da União Europeia, ou seja, uma área submarina total de cerca de 1,727,408 km². No entanto, apesar da enorme extensão do mar português, a Marinha de Guerra nacional depara-se não apenas com uma total e absoluta obsolescência de meios mas também com uma tremenda (e assustadora) exiguidade de efectivos, dois problemas que, juntos, são factores essenciais para a situação crítica da Armada. Essa situação desesperada, que é verificável através de casos como o das Corvetas da Classe João Belo, todas elas encomendadas ainda pelo Estado Novo nos anos 60 e recebidas nos anos 70, e ainda em utilização, põe em sério risco, a curto prazo, a tentativa de expansão da ZEE Portuguesa, que poderá conter riquezas espantosas, e a médio/longo prazo, a nossa permanência na actual ZEE nacional cujas consequências não serão nefastas não apenas para a economia portuguesa, que com os incontáveis recursos provenientes da ZEE muito poderia lucrar, mas também para a própria independência nacional.
Não existem, actualmente, para as antigas potências imperiais europeias, nas quais se inclui Portugal, mais que duas opções: a escolha pela Europa e pela subsequente integração política/federalização do continente, ou, por outro lado, a escolha pelo mar, o corte com o velho continente e a aposta no oceano e ao que ele leva, o ultramar. O europeísmo opõe-se assim, indubitavelmente, ao atlantismo, sendo que qualquer tentativa de amenização do antagonismo intrínseco a ambas não passa de um eufemismo político de líderes sem vontade com medo de ferir susceptibilidades dos dois lados. Assim, a escolha pelo meio-termo, pelo paradoxo geopolítico, dificilmente poderia ser mais acertada que a opção pela UE e pela dependência total de Bruxelas. Escolher o mar é escolher liberdade e total auto-determinação para o povo português, e é, acima de tudo, aceitar o legado de 900 anos de grandeza histórica, proximidade e amizade em relação ao mar.
Portugal é pois a talvez mais tradicional potência marítima europeia. No entanto, anos de desleixo e falta de interesse governamental em relação a essa dimensão fundamental, para não dizer central, do conceito de Portugalidade, reduziram-na à sombra triste mas altiva e orgulhosa que é hoje a Armada Portuguesa. Essa má e inequivocamente negativa política naval foi, sem dúvida, causadora de uma importante perda da capacidade marinha e submarina, mas tampouco foi peremptória ao ponto de fazer da recuperação naval algo impossível. A chegada a Portugal do primeiro navio da classe Tridente é assim um motivo de extraordinária relevância por significar a renovação da já obsoletíssima arma submarina portuguesa. Peca, porém, pela exígua quantidade de submarinos, com que dotará a Marinha do país cuja ZEE é a terceira maior da União: apenas dois. Por outro lado, outras potências marítimas europeias, com águas por ventura significativamente menores, como a Espanha, os Países Baixos, o Reino Unido e a França, podem orgulhar-se de possuir frotas muito mais impressionantes, tendo esses países 12, 4, 17 e 17 submarinos ao serviço nas suas forças navais, respectivamente. Portugal, apesar de os seus mares serem mais extensos e estrategicamente mais necessitados de protecção submarina pôde contentar-se com apenas 2, menos que o mínimo de três prometidos à Marinha no final dos anos 90 e inicialmente encomendados pelo então governo socialista de António Guterres.
É urgente Portugal aceitar como sua uma das características que mais intrínsecas lhe são: a sua dimensão oceânica. Não é certamente um acaso histórico nem tampouco um capricho dos reis e senhores feudais da época aquilo que Portugal, e o seu povo, conseguiram através do mar.
No entanto, mais que um vestígio de um passado indiscutivelmente glorioso, a escolha pelo mar e pelas relações de amizade e cordialidade com os estados do ex-ultramar, o atlantismo, afirma-se cada vez mais enquanto solução para a questão fundamental que é a da manutenção da real independência de Portugal enquanto estado livre e soberano, assim como para a viabilidade económica do estado português através das imensas riquezas disponíveis no fundo do Atlântico que nos foi reservado e que nos arriscamos a perder, a médio/longo prazo devido à falta de investimento nas forças navais.
Assim sendo, Portugal deve ter a coragem de, como fez há seis séculos, embarcar na aventura da descoberta do seu mar, como ocorre actualmente, embora de modo diferente, e rebasear a sua independência naquilo que, historicamente, sempre a garantiu: não a UE, Bruxelas ou o neo-federalismo europeu do fascista britânico Oswald Mosley, mas, por outro lado, o oceano, que, ao contrário da Europa que constantemente o humilhou, sempre o fez grande.

Rafael Pinto Borges

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Castelo de cartas europeu

Unidos na diversidade, forçados pela necessidade.
Foram, até agora, estes os dois principais argumentos, exaustivamente repetidos e relembrados pelos eurocratas de Bruxelas, a favor da balcanização da Europa, do europeísmo e do projecto federalista europeu de Monnet e Coundenhove-Kalergi.
A Europa, artificial mas, de acordo com Bruxelas e Estrasburgo, não apenas real como quase paternalista, de cuja existência tentam convencer-nos desde o final da Segunda Guerra Mundial, é, segundo os seus defensores, essencialmente eurocratas internacionalistas da esquerda europeísta do Velho Continente, uma entidade étnica e cultural milenar, cuja existência, identidade e vontade foi, e é, supostamente defendida por Bruxelas. Foi com base nesta errónea afirmação, de acordo com a qual a Europa é mais que uma entidade geográfica, é um território étnica e culturalmente unitário, com uma entidade comum, não apenas nunca provada mas, pelo contrário, várias vezes desmentida, com, por exemplo, a dissolução da Checoslováquia, da União Soviética (cujo modelo é, curiosamente, muito semelhante com o da supranacionalidade institucional da UE) ou da Jugoslávia, que a Europa política e económica tem vindo a ser construída, tendo inclusivamente ignorado e/ou rejeitado sucessivos sufrágios e referendos, olvidando assim algo tão básico como a própria vontade dos povos europeus.
Inicialmente, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, os arquitectos do já falhado projecto europeu, justificavam a integração europeia com a efectiva desunião e antagonismo entre as nações do Velho Continente, verificada nas duas guerras mundiais, em que os povos europeus se tinham lançado uns contra os outros. Não conseguiram, no entanto, explicar a total ausência de conflitos militares na Oceânia e na América do Norte, por exemplo, que nunca esteve, até há pouco tempo, organizada em estruturas supranacionais. Obviamente, é de facto, possível afirmar que essa inexistência de guerras na região se deveu aos interesses estratégicos comuns dos países norte-americanos. Mas não os tinham também os estados da Europa Ocidental, ainda mais quando se encontravam ameaçados a leste pelo terror vermelho do império comunista? Fará esse argumento algum sentido?
Mais recentemente, porém, os europeístas e federalistas europeus têm vindo a alterar o seu discurso, não justificando a existência (ou continuidade) da União Europeia com a suposta necessidade de minorar o ódio entre os países e povos europeus mas, por outro lado, com uma absolutamente pretensa indispensabilidade da cooperação económica, política e financeira inter-europeia. Chegam inclusivamente ao absurdo de tentar convencer-nos que só podemos comerciar com os restantes países europeus se formos membros da UE. Nada mais ridículo.
Agora, no entanto, com a emergência da crise da dívida pública grega, esta Europa fingida, artificial, postiça e visivelmente carcomida por dentro, mostra aquilo que, de facto, é: O maior castelo de cartas da História Europeia e Mundial.
Com o euro e a própria União em risco, os governos europeus e europeístas, ciosos do seu condenado projecto anti-identitário, preparam-se para disponibilizar mais de 100,000,000,000€ (cem mil milhões de euros, imagine-se) à Grécia, ajuda em que Portugal participará com mais de 2000 milhões de euros, o suficiente para construir todo o projecto de alta velocidade português ou 5 submarinos U-209PN, do mesmo tipo dos dois que Portugal adquiriu em 2004, negócio que tem sido fortemente criticado pelo PS (apesar de Guterres, durante o governo socialista, anterior ao de Durão Barroso, ter planeado comprar três e não dois navios, no que é já exemplo de como a hipocrisia política pode ser levada ao absurdo).
Assim sendo, a pequena Grécia, país com pouco mais de 11 milhões de habitantes (número absolutamente insignificante entre os mais de 500 milhões de europeus), pode, efectivamente, fazer toda a UE cair.
Talvez assim a Europa, ou, mais precisamente, as nações europeias, forçadamente unidas numa efectiva diversidade que não é respeitada, e sob o argumento de uma pretensa necessidade, que, de facto, nunca existiu, recuperem aquele que é simultaneamente o seu direito mais importante e mais esquecido e ignorado: A independência política, económica e cultural.

Rafael Pinto Borges

Presidente da Mesa do Plenário Concelhio da JP das Caldas da Rainha

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pluralismo Paradoxal

Que têm Jean-Marie Le Pen, Martine Aubry e os seus respectivos partidos, a Frente Nacional (FN) e o Partido Socialista (PS) em comum?

De facto, face a tal questão, é deveras difícil, para não dizer impossível, responder sem entrar nos domínios do contra-senso, do paradoxo e do absurdo, mas sim, com efeito, ambos foram os vencedores das eleições regionais francesas, cujo grande derrotado foi o Presidente francês, Nicolas Sarkozy e a sua “Union Pour un Mouvement Populaire” (UMP), conservadora e de centro-direita, estando assim, simultaneamente, a extrema-direita, nacionalista e eurocéptica e a esquerda, internacionalista e europeísta, unidas numa mesma celebração por, ambas, ainda que tradicionalmente inimigas, terem atingido um dos poucos, provavelmente único objectivo comum: Derrotar Sarkozy.

Efectivamente, este paradoxal e exagerado pluralismo democrático, que faz vencedores os opostos, os antagónicos, os defensores de posições que são mais que totalmente distintas, são absolutamente incompatíveis, mostra quão confusas estão não apenas os eleitores franceses, mas os cidadãos europeus em geral, incluindo os portugueses. Afinal, também no caso português esta, na melhor das hipóteses, confusão ideológica e política das massas, foi explicitada nas últimas eleições legislativas, em que, curiosamente, os dois partidos que registaram maior crescimento foram, precisamente, o Bloco de Esquerda, trotskista e extremista e o CDS/PP, partido moderado da direita e democrata-cristão.

No entanto, os resultados franceses, assustadoramente parecidos com os nossos, que tornam óbvia a dimensão europeia deste fenómeno, não evidenciam apenas o caos ideológico que se abateu sobre os europeus, talvez motivado pela crise económica e pelo fracasso da UE em salvar o continente da recessão e/ou estagnação, mas também o cada vez mais significativo medo da imigração, por vezes causado por estereótipos, preconceitos, ou propaganda oriunda de grupos extremistas, por outras, com argumentos mais sensatos e verosímeis. É, em todo o caso, esta a mais plausível explicação para o facto de os franceses terem dado 8,7% dos votos ao Front National de Le Pen.

Tal como em Portugal, a preocupação com a criminalidade cresce, ainda que, no caso gaulês, com consequências deveras distintas do português. Afinal, ainda não foram eleitos deputados pelo PNR (apesar de, por outro lado, um partido como o PCP, defensor de um sistema criminoso e anti-democrata ainda conseguir resultados de cerca de 8% e de o BE ser o partido português com maior crescimento).

É pois claro, e cada vez mais perceptível que as sociedades europeias são progressivamente mais antagónicas, mais intolerantes e, acima de tudo, mais distintas nas suas necessidades e preocupações, tendo a questão da segurança vindo a adquirir cada vez mais importância, o que lembra, ainda que em outra escala, a situação vivida nos anos 30.

Afinal, não é esta a primeira vez em que os povos europeus, traídos pelos seus governos, se viram mergulhados numa crise que, em última análise, os levou a procurar bodes expiatórios para as adversidades económicas e sociais que viviam.

Terá a Europa esquecido os seus erros e mantido, dentro de si, ainda que escondido, o ódio, apenas mudando o grupo a quem atribuir as culpas?



Rafael Borges

Aluno do 10ºAno da Escola Secundária Raul Proença

quarta-feira, 10 de março de 2010

E agora, Sr.Ministro?

E agora, Sr.Ministro?


Foi, sem dúvida, com choque e perplexidade que Portugal e o Mundo assistiram à catástrofe que se abateu sobre a Madeira há cerca de duas semanas, ceifando mais de 40 vidas e deixando centenas de cidadãos nacionais sem casa, sem trabalho ou, pior, sem um familiar, amigo ou conhecido.
É, em todo o caso, independentemente do sofrimento, consternação e posterior inspiradora recuperação dos madeirenses, factual que esta catástrofe, tendo sido natural, não poderia de modo algum ter sido evitada, tampouco, obviamente, adiada.
Não ponho, evidentemente, isso em causa.
Porém, apesar do acontecimento não poder ter sido impedido pela simples razão de que tal ser absolutamente impossível, o mesmo não sucede com a prevenção e preparação, que podia ter sido feita, não fosse a atroz falta de meios, e, após o infortúnio, o socorro às vítimas, que, apesar de um desempenho que honrou, indubitavelmente, as Forças Armadas e, através da Marinha, a longa tradição marítima dos Portugueses, foi em muitos casos, e novamente devido aos meios utilizados, algo não apenas heterodoxa (tendo os nossos vizinhos do Ocidente Europeu) como ridícula, totalmente distinta do que teria sido feito em caso de tragédia semelhante num país como o Reino Unido, a França, Espanha ou até mesmo os pequenos Países Baixos, cuja Marinha tem ao serviço a “Classe Rotterdam”, classe de desenho inovador que levou vários estados europeus a copiar o modelo e a construir derivados da classe para as suas armadas, como é o caso de Espanha com a “Classe Galicia” ou, futuramente, ainda que com constantes adiamentos, Portugal com os “NavPol”.
Sucede no entanto que todos estes países, acima listados, dispõem, nas suas marinhas de guerra, de embarcações próprias ao apoio a populações num cenário de catástrofe como o que ocorreu na Madeira.
A aquisição destes navios logísticos, ou polivalentes (NavPol), para a Armada Portuguesa tem, no entanto, sido sujeita a uma série de atrasos, complicações e mudanças de prioridades, já inerentes e quase tradicionais da forma de agir dos sucessivos governos.
Estes navios, que podiam, ao contrário da fragata da Classe Vasco da Gama enviada para uma missão para a qual não foi construída, ter sido de importância fulcral e ter prestado um apoio inequivocamente significativo nos esforços de salvamento e reconstrução da Ilha e em especial do Funchal, não só não se encontravam, por total e absoluta inércia política, ao serviço da marinha como ainda nem tampouco estão a ser construídos.
Esta falta de interesse do poder político pelas Forças Armadas, que se revelou agora de relevância maior devido aos trágicos acontecimentos na Madeira, que, pelo menos por algum tempo, deixou de ser a “Pérola do Atlântico”, traduz-se, em última análise, não apenas no orçamento diminuto mas também, e cada vez mais, na notória e total obsolescência dos meios por elas utilizados, facto que provou agora, em caso de catástrofe, custar vidas.
No entanto, quem sabe, talvez agora, que a necessidade de modernização das FA, e, em particular, da aquisição dos “NavPol” se tornou evidente, o Governo, e especialmente o Ministério da Defesa mudem de procedimento.
E agora, Sr.Santos Silva?
Continuação da estratégia temerária de um governo desinteressado ou reconhecimento da missão e necessidades das Forças Armadas?

Rafael Borges

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Obviamente, não se demitiu

Sócrates vê-se actualmente envolvido em mais escândalos que a maioria dos chefes de governo portugueses do pós PREC, o que, tendo em conta a competição, é um feito impressionante.

A verdade é que ainda que o “engenheiro” possa não ter especial talento para a governação, é um verdadeiro mestre em corrupção e subterfúgio. Talvez nessas duas seja mesmo licenciado.

A censura em democracia que o governo quis, e em certos casos praticou efectivamente, mostram não mais que um desrespeito atroz, vil e ignóbil pelo povo e pelas liberdades que, por elas terem lutado, são suas de direito.

Foi durante essa luta pela liberdade, aquando das eleições presidenciais de 1958 que o General Humberto Delgado disse que, no caso de ser eleito, demitiria o Prof. Oliveira Salazar.

Porém, hoje, em pleno século XXI, seria de esperar que um Primeiro-Ministro de um país democrático do ocidente europeu o fizesse ele próprio, tendo em conta as circunstâncias desastrosas que, voluntariamente, criou, esquecendo a natureza libertária do actual regime.

Enquanto Portugal é comparado à Grécia por Bruxelas, o que São Bento, numa espécie de acção psicológica aos seus próprios cidadãos, desmente, o povo é confrontado com casos de censura e propaganda, em que jornais são proibidos de ser publicados por providências cautelares.

É também assim que se vê a diferença entre o Sócrates grego e o Sócrates português: Um pensava, o outro não deixa pensar.

Sócrates torna-se assim perigosamente parecido com uma versão europeia de Chavez, ainda mais com a dinamização de iniciativas tão ridículas como uma “Manifestação de Apoio” ao governo, e, acima de tudo, à pessoa do Primeiro-Ministro e ao seu partido.

Julgo pois ser mais que óbvia a necessidade de demissão do governo.

Os Portugueses perderam a confiança num executivo cujo líder é uma espécie de Berlusconi português, uma fábrica de escândalos e uma vergonha nacional.

Estamos fartos de Freeports, de Universidades Independentes, de Faces Ocultas e de escândalos de censura.

Sócrates, meu caro, obviamente, demita-se.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Renascimento da Juventude Popular Caldense

Foi recentemente que a Juventude Popular Caldense, inactiva desde 2005, renasceu, sendo eleitos Diogo Carvalho e eu próprio como Presidentes da Comissão Política e da Mesa do Plenário Concelhio, respectivamente.
Embarcámos neste projecto e assumimos esta responsabilidade por acreditarmos na necessidade de mostrar aos jovens os benefícios da democracia, da economia de mercado, do libertarianismo e do liberalismo económico, assim como o porquê do conservadorismo liberal e da Democracia-Cristã.
Este primeiro passo, de algo que pretende também combater o velho mito propagandeado pelo PCP de que a juventude é de extrema-esquerda, “guevarista” e apoiante de tudo o que é novo apenas por o ser, marca o inicio de uma longa viagem que promete ser difícil, tortuosa e exaustiva.
Porém, estamos preparados.
Os jovens centristas não lutam por uma cidade, por um concelho ou por um distrito, mas sim por um Portugal inequivocamente melhor. Foi, é e será sempre o nosso fim último, um Portugal que se respeite a si mesmo, as suas tradições, a sua História e a sua cultura. A sua individualidade e razão de existir. Os Portugueses.
É esta a mensagem que nos propomos a transmitir.
É por isto, e não por jovialidades nem tampouco trivialidades, que a JP Caldense voltou a existir.
Assim sendo, deixo a todos os jovens caldenses o repto. Embarquem no desafio, juntem-se a nós. Porque é do futuro que se trata e o futuro começa hoje.


Rafael Borges